Apresentação

As crianças precisam aprender o sentido de união, igualdade e respeito desde o início da jornada. Atuando nesse pensamento, Um peixe de calça jeans e outras histórias traz, com linguagem muito simples e belíssimas ilustrações, histórias que visam a, sutilmente, eliminar os preconceitos. Agindo no subconsciente formador, abrindo espaço para debates benéficos entre pais e filhos, ou professores e alunos.

A proposta maior é diminuir a ocorrência de bullying (repetidas agressões psicológicas e/ou físicas) não só nas escolas, mas preparando o futuro jovem/adulto para as diferenças que o mundo oferece, construindo uma nova geração mais fraterna, livre de bloqueios preconceituosos gradativamente impostos.

Mais do que um sopro de união, este livro visa a expandir em suas mensagens caminhos de respeito e amizade, tão necessários quanto água, facilitando o relacionamento entre as crianças, nossos adultos de amanhã, nossa grande esperança.

Allan Pitz

As histórias vão além da proposta inicial de combater o bullying. De forma implícita, também são empenhadas as questões de raça, gênero, classe, deficiências físicas e intelectuais. Digo implícita porque fará parte de uma construção da identidade inconscientemente. Cabe aos pais e professores o olhar crítico para a formação dos símbolos na infância, onde a criança utiliza da imaginação para representar situações.

A partir da leitura de “Um peixe de calça jeans”, por exemplo, é possível determinar metas coletivas. As nadadeiras atrofiadas podem representar diversos transtornos e deficiências, e a calça jeans é a afetividade com o outro, que só é manifestada dentro de um interesse e uma motivação que deve ser estimulada.

Em “Rick, o cãozinho”, o que fez com que Rick conseguisse continuar com suas canções foi o espírito da coletividade. Através do contato com o outro, a criança internaliza conceitos básicos de convivência.

“A menina cor-de-rosa” é um perfeito exemplo de como somos realmente uma caixinha de lápis de cor. Havia uma discussão do lápis cor-de-pele, que por muito tempo não abrangia a diversidade das pessoas, a verdade é que somos todas as cores. Nutrir as potencialidades além da cor e valorizar nossas diferenças, mas propagar que quanto mais nos diferimos mais nos tornamos iguais.

Sentir acolhimento é fundamental e pode evitar comportamentos ou condutas não desejados em uma criança, que se tornará um ser consciente. Cada criança possui sua ética, sua bagagem sociocultural, sua história como pessoa, assim como sua moral será adquirida.

Fiz a experiência de contar (e recontar inúmeras vezes) o livro para minha irmã mais nova. E apesar de não estar na faixa etária recomendada pelo livro, com 4 anos ela teve uma grande receptividade, mas de uma maneira diferente, adequada à sua idade.

O mais interessante foi ver o retorno. Minha irmã gostou muito das ilustrações e me perguntava como um menino poderia ser de algodão. Talvez ela demore para compreender a crítica feita, mas acredito que quanto mais cedo plantarmos a sementinha, isso posteriormente irá influenciar em suas atitudes. Mesmo que para ela esse seja apenas um livro com histórias legais.

Amanda da Silva Cavalcanti, graduanda de Pedagogia na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)